quinta-feira, 25 de outubro de 2007

E o Terceiro Filhote nasceu!


O livro chegou hoje. Está bem, saudável e completo. Agora é mais do que oficial, então acho que posso falar sobre ele aqui.

"Os Adoráveis Trapalhões" – Luís Joly e Paulo Franco
Matrix Editora
160 páginas
R$ 28,00

Descrição:
Ô psit, esta obra não é dirigida somente aos fãs do grupo, àqueles que tiveram a oportunidade de assistir ao quarteto em seu auge. Qualquer aficionado do bom humor ou interessado na história da nossa tv deve passar por estas páginas. Os trapalhões significaram quatro décadas na televisão e no cinema, encontrando crianças e adultos, que riram com seu humor genuinamente simples, bem-feito e com a cara do Brasil.

A data de lançamento será 27 de novembro. Quando tiver o convite eletrônico, o postarei aqui.


Sentimento:
Já ouvi uma mãe dizer que a sensação dos filhos que vêm depois nunca é igual a do primeiro. Pois a capa ficou linda. O pessoal aqui da empresa incentivou, deu parabéns, leu, gostou. Meu nome está lá. Mas, de alguma forma, não é igual ao inigualável Chaves: Foi Sem Querer Querendo?, aquele projeto da época em que ainda sonhávamos, como algo distante e absolutamente impensável, em um dia aparecer na lista da Veja ou de outras publicações.

Me lembro muito bem do momento em que o CH1 chegou lá na Jeffrey. A emoção foi tanta que eu não quis olhar para a capa do livro; queria deixar para vê-la junto com o Fernando. A empresa, carinhosamente, parou, todos tocaram, folhearam e analisaram superficialmente a obra. Ainda consegui tirar uma foto de todos segurando o livro – foto que, por muito tempo, ficou no meu álbum do Orkut e que incluo ao lado, uma de minhas favoritas.

Quando finalmente vi o livro pela primeira vez, no estacionamento do Shopping Raposo, as lágrimas, teimosas, caíram. A sensação de ver nosso livro, que 3 anos antes nascia no meio das aulas da faculdade, era indescritível. Literalmente, um sonho realizado. E, como disse o orientador Marcelo Rollemberg no prefácio da obra, às vezes, sim, é possível misturar nossa paixão em um trabalho e, ainda assim, obter um resultado imparcial e justo.

Os Adoráveis Trapalhões marca, de fato, o início de minha vida adulta. Não foi resultado de um sonho. Não teve paixão, não teve o lado lúdico, não teve o entusiasmo que só se tem quando é algo que saiu do zero, do nada. Este livro foi, sim, resultado de muito trabalho. Entrevistas. De suor, de estudo, de pesquisas longas e lutas contra a preguiça. É a prova de que um projeto pode começar apenas em uma conversa, e ganhar forma, conteúdo, papéis, letras e polêmicas.

O prefácio, desta vez, não foi do nosso orientador. Foi do Tom Cavalcante. Celebridades – dizem – já confirmaram presença pro lançamento do livro. Não sei ainda qual será o retorno do público e crítica. Até agora, ninguém leu, além do Paulinho, do dono da editora e de mim. Torço para que gostem. Ficou meio "magrinho", mas tem –curiosamente- o mesmo número de páginas do nosso primeiro livro. Coincidência? Ou foi sem querer querendo? Ô da poltrona, só lendo mesmo.

Nos vemos no dia.

domingo, 21 de outubro de 2007

O Alienado Circo da Fórmula 1

A visão de um fã sobre as loucuras em um dia de Grande Prêmio


Até o começo da prova, tudo que ouvíamos era a batida tecno – aquele infernal som eletrônico que, para alguns, também é conhecido como música. Para passar o tempo, um locutor dava o tom da festa. Em meio a cervejas, outras bebidas e muita comida, brindes como rádios FM e porta-CDs faziam a festa da multidão. Qual a largura máxima de um carro de Fórmula 1? Em que ano Jarno Trulli estreou na categoria? Quais os modelos de pneu usados pela equipe Toyota? Responda ao quiz e leve seu prêmio.


O melhor quando se está nas arquibancadas de um Grande Prêmio de Fórmula 1 é a atmosfera. Claro, não me refiro ao calor franciscano do domingo, até porque estávamos confortavelmente na sombra, mas ao clima que é criado ali. Pessoas de vários países, gaitas de fole, tango, bandeiras, tatuagens e muitas mulheres – vê-se de tudo no literal circo que atravessou 16 países ao longo do ano e terminou na terra do samba.


Samba-lounge, aliás. Foi este o gênero de tecno escolhido pelo DJ, que nos brindou com horas com o estilo musical. Estilo que, inclusive, nos impediu de escutar a execução do Hino Nacional, por Margareth Menezes, em plena reta dos boxes.


Como se tratava de uma área VIP, não houve necessidade de muitas das ferramentas que eu costumava fazer uso em eventos como esses nos anos anteriores – salgadinhos, pilhas, binóculos, água, capas de chuva e outras bugigangas.


No momento pré-corrida, a tensão para que tudo se inicie por parte do grande público é notória. Enquanto o já citado locutor realiza ensaios para agradecimento ao presidente da patrocinadora do local, vendedores e outros funcionários convidados subiam os degraus com copos de cervejas estrategicamente disponibilizados nas mãos. Quanto mais, melhor. As bebidas vão fazendo efeito conforme as promotoras vão se tornando mais importantes do que a corrida em si. Várias delas eram solicitadas para sairem em fotos com os torcedores. Um luxo.


O desfile dos pilotos, que acontece sempre minutos antes da corrida, foi um show à parte. Os atletas, em um caminhão circulando pelo quente e elogiado asfalto de Interlagos, acenavam a esmo para a platéia que esperava pelos gladiadores. Apesar da clara instrução de não se apoiarem na grade frontal, foi para lá que a imensa maioria foi, tentando assim chegar alguns metros mais próximos das estrelas da festa. Munidos de câmeras e celulares, tentavam de alguma maneira driblar as linhas dos alambrados que os separavam da arena. Em vão, o locutor lutava para promover os pilotos da patrocinadora – como se todos ali não estivessem mesmo querendo ver os três que disputavam o título – além de Massa, claro.


O samba-lounge deu lugar a outros sons. Os acordes de verdade começaram quando os bólidos coloridos saíram às pistas para a formação do grid. Confesso que, nos primeiros anos que freqüentava a corrida, recusava o uso dos protetores auriculares, frente ao romantismo de se ouvir o roncar de máquinas tão cobiçadas de forma, digamos, até virgem. Porém, o tempo passou, minha audição também, e antes que ela não voltasse mais, fiz, humildemente, uso do acessório.


Se de um lado o clima é contagiante, o que mais nos deixa indignado são os comentários ignorantes (ainda que compreensíveis), de pessoas que notadamente estão ali como curiosos convidados e, mesmo assim, fazem-se de especialistas. Afinal, em terra de Ayrton Senna é muito fácil falar mal de Rubens Barrichello sem razão. Quando uma Williams passou reduzindo marchas, o colega ao lado sentenciou: "Esse aí já estourou o motor". De nacionalidades erradas, flertes até palpites mil, tudo se escuta em uma corrida de automóveis.


Quando a corrida teve início, lembrei do pecado mortal que havia cometido: não trouxe radinho. Não sobrou outra opção ao não ser recorrer ao sistema de som da casa. O locutor, prontamente, anunciava as oito primeiras posições, sem muito entusiasmo. Restava ao repórter-torcedor aqui fazer as contas de cabeça para saber quem levava o caneco.


Eis que Hamilton sai da pista. Eis que Hamilton pára. Não,ele não parou, ele diminuiu. Quebrou? Não, voltou. Mas está em último. Que diabos, o que aconteceu com ele? A falta de uma rádio que trouxesse as informações decentemente no alto-falante foi sentida. Assim como o meu velho rádio FM, que àquela altura continuava confortavelmente armazenado no fundo de uma gaveta em meu quarto, local por onde esteve pelos últimos 11 meses.


O comportamento do público chega ao ápice na largada. Na posição em que estávamos (subida dos boxes), não enxergávamos um palmo da reta de largada e do S do Senna. Recorremos ao telão, que nos ajudava. Todos de pé, como em um tribunal, sonhando com uma vitória de Felipe Massa. Quando ele passou na liderança na primeira volta, foi um gol, tamanha a comemoração. Quando passou na segunda volta, alguns ainda gritaram. Na terceira, os maiores gritos eram de "senta!", para os desavisados (como eu) que permaneciam em pé.


Conforme a corrida avança, vai tornando-se mais visível a gradativa falta de interesse que vai pegando os menos ligados ao esporte. Sem informações sobre como estava a prova, e apenas vendo os carros passarem, para muitos valeu mais a pena ficar no andar de baixo, junto com os comes e bebes, do que juntar-se aos demais que ainda assistiam. As mulheres ensaiavam bocejos, os homens procuravam mensagens no celular. Uma criança ao meu lado não resistiu, e tirou os sapatos. "Que horas é jogo do São Paulo mesmo?", indagou ao ar o senhor atrás de mim. Ora, afinal, o que fazíamos ali mesmo?

No momento em que Kimi ganhou a posição de Felipe nos boxes, a maioria (ao meu redor, pelo menos) já não sabia muito bem o que estava acontecendo. Mas souberam o suficiente para se irritarem com o brasileiro. E lá vem comparação com Barrichello. Algo, de forma invertida, com o que houve com o próprio Rubinho, que sempre era nivelado com o antecessor Ayrton Senna.

Quando o locutor anunciou que estava na última volta, foi o sinal para a maioria decretar, por conta própria, o fim da corrida. Como as torcidas que saem do estádio no meio do jogo em dia de goleada do rival, lá iam todos descendo as escadas provisoriamente montadas para o evento, cobertas com tapetes vermelhos.

Ainda era possível ouvir os carros passando em velocidade mais lenta na volta de comemoração – Kimi Räikkonen era o campeão, mas muitos com certeza sequer sabiam disso. Para eles, o importante era voltar a ouvir o tecno samba lounge, que retornou em alto e bom som logo após o término da prova, e combinava muito bem com a cerveja gelada.

Para fãs como eu e muitos outros ali, restou lembrar que a ficha já começara a cair - música para nossos alienados ouvidos novamente, só em 16 de março de 2008, de Melbourne, pela TV.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Roteiro gastronômico no feriado

Que São Paulo é palco da cultura gastronômica mundial, isso todo mundo já sabe. Que eu nunca participei dele devidamente, isso ninguém deveria saber.

Desde o fim-de-semana passado me chamou a atenção (com um certo atraso, diga-se) um nobre projeto da cerveja Bohêmia, que acontece pelo segundo ano. Trata-se do BOteco Bohêmia, um roteiro de bares espalhados pelos quatro cantos de Sâo Paulo que disputam o prêmio de "melhor petisco da cidade" (claro, melhor entre os cerca de 30 bares que estão inscritos no concurso). Funciona de maneira simples: Basta pedir o prato concorrente, e votar em uma cédula, que (espero) os garçons levam à urna.

Comecei o circuito com atraso, no bar Galinheiro Grill, na Vila Madalena. O prato lá foi uma linguiça de frango, recheada de tomate seco e ricota (isto mesmo, ricota). Veio com um pão, servida numa chapa. Mas a linguiça é fininha, e meio sem gosto. Nota 4.

Neste fim-de-semana, foi a vez do Botequim, na Pompéia. Prato: rolezinho doido. Uns mini-bifes à rolê, enroladinhos no palito (claro), com pimentão, mussarela de bufala e orégano. Bonzinho. Nota 6 (digo...). O melhor petisco do bar, no entanto, ficou por conta do prato que, segundo Theo Filipe, ficou em segundo lugar no concurso ano passado: linguiça portuguesa fatiada com cebola, pimentão e outras coisas que não me lembro.

Por último, ainda houve tempo no feriado para curtir o Bar do Arnesto, que teve o melhor petisco até o momento. A Canoa do Arnesto, carne desfiada com azeite, hortelã, alho e pimenta no pão. Teria sido melhor se o pão não estivesse um pouco velho.

Galinhada Mas o melhor - ou pior - do feriado foi mesmo o almoço de domingo. Troquei a macarronada com linguiça temperada aqui de casa por um restaurante no meio de vilas paupérrimas, atrás do Estádio do Canindé. A bordo de um C4 Pallas (avaliado em cerca de R$ 80 mil), fomos os quatro (amigos do Porto e eu) rumo ao local. O GPS que usamos não falhou. Assim que chegamos ao local, a voz com pouco sotaque carioca pronunciou: "você chegou ao local de destino". A imagem era, no começo, impressionante.

O restaurante Galinhada do Bahia foi recomendado pelo amigo jornalista que dirigia o C4 (que, vale informar, era apenas o veículo sendo testado). Ele achou o nome na revista Veja, pensando ser algo bom. E não estava errado. Horas depois, conferimos que realmente o Galinhada é um dos restaurantes mais badalados de São Paulo. Ok, ok, talvez ele não seja exatamente "badalado". Mas a hospitalidade supera tudo - e melhor, se você quiser, é possível levar carneiros, abatidos vivos no momento da compra.

O restaurante é especializado em comida típica nordestina. Mas típica mesmo. Estou falando de pirão de galinha, buchada, jerimum com carne seca, maxixi, baião de dois e por aí vai. De cara, advirto-os de que a primeira impressão talvez seja não muito positiva. Porém, ela passa. Inicialmente, pelo preço convidativo (R$ 20 o rodízio). Posteriormente, pelo excelente atendimento, que supera a má impressão ao ver as lonas que servem de telhado e o banheiro quase romano.

Comida nordestina nunca foi a minha favorita. Mas o Bahia atrai a clientela justamente por não exagerar na pimenta, algo característico da região. Você não leu errado. Artigo masculino, o Bahia é como é conhecido o dono do espaço. Reza a lenda que Bahia começou a cozinhar para amigos - ele mora no mesmo terreno. Enquanto uns comiam, o forró rolava solto com a outra turma. Com o tempo, o local tornou-se ponto de encontro de conterrâneos da Bahia pra cima. A popularidade aumentou, e o forró passou para um galpão ao lado. Mas o sucesso também permitiu que o simpático Bahia pudesse viver apenas de seu restaurante. O segredo, impresso nas dezenas de recomendações de revistas que enfei(t)am o local, ele repete para mim: "basta cozinhar com amor".

No fim, o amor nos concedeu duas rapaduras como cortesia (que algum amigo meu acabou pegando) e uma simpática foto com o ilustre Bahia que você vê ao lado. Claro, ela não fará parte da decoração do restaurante, que exibe famosos (ou quase) por todos os cantos.

Talvez não seja o melhor lugar para levar a namorada no primeiro encontro. Nem no segundo. Mas, quem sabe uns 6 meses depois, seja uma boa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Do berro que o gato deu, nem sombra. Miau.
  • Nos anos 1950, as pessoas se divertiam indo a bailes como o "Encanto Submarino" (De Volta para o Futuro)
  • Nos anos 1960, a moda era deixar o cabelo crescer, juntar a galera para protestar contra a ditadura e escutar os reis do iê-iê-iê
  • Nos anos 1970, as pessoas tiravam rachas, capotavam fuscas e achavam Roberto Carlos um pouco brega, mas ouviam
  • Nos anos 1980, o barato era reunir a moçada para jogar War enquanto o K7 tocava Bad, do Michael Jackson, e Indiana Jones era o máximo
  • Nos anos 1990, todo mundo foi ao caipiródromo, curtiu o tetra da Seleção e saiu de cara pintada às ruas enquanto Legião ainda era cool e Nintendo era tudo
  • Anos 2000: em uma "festa", cada um no seu celular, bluetooth ligado, troca arquivos com trechos de músicas das décadas anteriores. Ao fundo, CPM 22 dá a facada final.
Onde foi que erramos?

sábado, 6 de outubro de 2007

Em Congonhas
Viagem mesmo, só literária

Cá estou, no aeroporto de Congonhas, São Paulo. Vôo, atrasado como sempre. Ao som de "Right To Be Wrong", de Joss Stone, apinhado de seres ao meu redor, informo aos passageiros que não tenho do quê me queixar - exceto, claro, do atraso e do anterior cancelamento do Coopertax que não chegou a tempo.

Aproveito a canção, que vai chegando ao fim, para metaforizá-la. Afinal, eu tenho o direito de estar errado, e meus erros me tornarão mais forte. Devido a reposicionamento de sentimentos, meu embarque ainda não aconteceu.

Ontem, me falaram da importância das metáforas. E acho que vou começar a usá-las mais. Sabe, a música da Joss Stone já acabou há algum tempo, mas os sensos ainda não mudaram.

A escolha de assento é livre. Ninguém sabe ao certo o que se tornará. Mas a certeza é que o vôo sempre chega depois. Pegamos filas, mesmo sem saber para onde são, nem se queremos o que vão nos dar. Só aceitamos, sem tosse.

Nos encontramos em solo. Temos certeza, porém, que nosso cartão de embarque errante garante a volta? Sempre atentos ao sistema de som, será que queremos ouvir o que a voz estridente tem a nos dizer?

Pela atenção, obrigado.
Pelas dúvidas, vai pro inferno.

Pêlos, por que tê-los?
Medos, por que temos?

Saúde não se diz quando alguém espirra. Mas alguns dizem. E mesmo aqueles com crianças de colo não terão prioridade.

A escolha é livre, e vale a lei da selva. Atenção para a chamada: sejam felizes. ¿Quien habla?

Com sua atenção, com meu tesão, com toda a tensão, o chefe da taba maior comandou. Mas convenceu? Jingles surgem para sua persuasão, pringles para alimentação. Abraços, nem só para compaixão. E o que se tornaria algumas linhas vira uma vida, e uma via.

E sim, eu também escrevo torto por linhas certas. O sujeito aqui, por exemplo, não se aguentou. A paciência dá o tom. Tom em mi, como Missão Impossível no ar.
Impossível mesmo parece ser o embarque.
Possível é amar.

Só falta a quem.