domingo, 27 de janeiro de 2008

O Amigo da Vez

(Um depoimento a favor do consumo - moderado - do álcool)


O amigo da vez tem a noite desanimada. Nada é pior do que ver os amigos fumando e bebendo, e você nada pode fazer. Risadas, exageros, superlativos adjetivos que, aos seus tristonhos olhos, parecem descrições vãs do cotidiano alcóolico de todos nós. Água de côco, suco de soja, chá gelado, doses de soda, achocolatado e cerveja...sem álcool.

Ouvidos não ouvem da mesma forma. Sóbrios não têm noção do que fazem. São os vexatórios sorrisos amarelos de uma típica segunda às nove. Antibiótico, amniótico, meticorten, e é para quem? Fatídico, digesan, meu Deus, quem é fã?

Só eu tenho fome. Só eu escrevo. E, a minha volta, o cheiro de bourbon só não é mais forte que a pizza artificial que exala dos meus dedos. O sal na língua ainda é forte, e amortecido com a mais gelada das águas. A música que enaltece o sentimento gaudério preenche o ambiente. Pessoas sóbrias somente reparam em pequenos detalhes, como os que agora ocupam as linhas deste velho caderno emprestado.

Hino gaúcho à parte, quem faz a segunda voz nem sempre é o amigo da vez. Ficar sem beber dá o espaço dos quilos perdidos - ou não ganhos - para um vazio melancólico tão intenso que não possui formato ou dimensão. Entre uma faixa e outra, o som que por alguns segundos ocupa o local é dos meus traços incessantes. Tão incessantes quanto possantes e indecisos. Traços sóbrios de amendoim.

Palavras e laudas dão o tom desafinado do meu momento. A sobriedade machuca na alma, pega no corpo e se percebe no branco dos olhos . Minha mão esquerda denuncia os traços do grafite que vai aos poucos tornando-se mais escasso e mal acabado. Clássicos não são bem-vindos a toda hora.

A batida é rarefeita.
Ter o ar, é raro.
E tossir é só um efeito.
Essa batida é lenta.
É lenda.

Momentos de emoção que agora dominam olhos, boca, cabeça e coração dos bêbados. Só o sóbrio não tem coração. Impotente, assiste indefeso o teor alcóolico levar o bom humor janela afora. Garranchos não se misturam a lágrimas. Elas não têm por quê estar aqui.

Alcanço o tom em lá maior.
Dó, menor.
A impressão que vejo não conta. Não varre nada. De nada adianta o suor que agora teima em dividir o espaço entre madeira e carne.

Sou só, sou sobra, sou sóbrio.
Até certo ponto.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Para os curiosos de plantão, aqui está a música que eu considero a melhor do disco abaixo. O clipe não é dos mais bonitos, mas a música vale a pena.

Bon Jovi - Lost Highway
(ou "o post que eu estava devendo há muito tempo")


Em 2000, conheci uma pessoa na FIAM que mudou muitas coisas em minha vida. Só nos tornamos amigos em 2001 ou 2002. Hoje, trabalhamos juntos. Como mencionei, trocamos influências de todos os tipos, de forma que hoje somos parecidos em diversas searas da vida. Mas aqui, vou falar da frente musical, que também sempre foi forte.

Entre o que ele me passou, e eu assimilei com mais força, está a banda de New Jersey do Bon Jovi. Até então, o grupo era para mim apenas aquele que havia gravado “Livin’ On a Prayer” e insistia em músicas comerciais na linha de “It’s My Life”. Algumas coisas boas, mas nada demais.

Com a amizade, passei a dar, automaticamente, um pouco mais de atenção e respeito ao Bon Jovi. Acho que o ápice só chegou agora, com o lançamento do último disco deles, Lost Highway – talvez essa demora não tenha sido à toa, já que (particularmente) de 2000 pra cá, são poucas as canções deles que se salvam.

Quando Lost Highway saiu na mídia, já fiquei sabendo rapidamente pelo meu amigo - ele é daqueles que acompanham os fóruns e primeiros boatos sobre a banda. “É um disco mais country”, chegou a me comentar. Fui atrás de materiais na Internet. Ouvi o disco e gostei. E, meses depois, recebi no último Natal um DVD de presente da Nokia: Lost Highway: The Concert. Fiquei surpreso com a qualidade do DVD e das músicas, agora analisadas uma a uma, com mais calma.

Parece que, após infrutíferas tentativas de hits comerciais baseados em nomes cujo tema é a rebeldia - inexistente - de hoje (“Have a Nice Day”, “It’s My Life”, “One Wild Night”, “Everyday”, “Misunderstood”, e a lista segue), o Bon Jovi deixou pra trás isso e lançou-se em um disco sem um hit tão forte (o mais próximo do estilo é “We Got It Goin’ On”).

Lost Highway é um disco agradável de ser ouvido. Está longe de ser algo marcante, mas é definitivamente melhor que os últimos discos do Bon Jovi. Lá estão baladas como “Whole Lot of Leaving” e “Seat Next to You”, ou rock com trajes mais clássicos do tipo “I Love This Town” e "Any Other Day".

O momento maior do álbum é “’Til We Ain’t Strangers Anymore”, uma balada em que o vocalista canta ao lado de LeAnn Rimes, uma cantora de Nashville com uma voz que lembra até Patsy Cline de tão country. O DVD com o show traz todas as canções do álbum em versões ao vivo, além de alguns bônus, como a eterna "Wanted Dead or Alive" - Richie Sambora, um mestre na guitarra e backing vocal.

Lost Highway representa um pouco do que enfrentamos no decorrer de nossas vidas. Colocando em panos locais, a minha amizade com esta pessoa citada no começo do texto, que segue uma longa estrada, sem rumo, com muitos desafios, barreiras e mudanças - mas, também, cheia de boa música, muita risada e alguns livros.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Ah, o Rock'n Roll...

Sun Records: o quase santuário onde tudo começou

A cada batida de bateria sinto o pulsar tremer em minha alma. Meu olhos vibram ao ritmo das pulsantes mãos que comandam a baqueta. O pescoço, teima em sacudir-se levemente, quase tímido, escondendo a enorme vontade de mexer-se. Os braços, apoiados nas pernas, acompanham o baixo, tão discreto como importante. O olhar fixo do baixista, reverenciando a platéia de forma fria, porém tão intensa.

Calcanhares vão e vêm, compassados como numa sinfonia que percorre as veias do Rock'n Roll. Olhos, por vezes fecham, e dão a prioridade aos ouvidos, que se alimentam com a sonora casa noturna. Quando abrem, surge um olhar de admiração ingênua, quase infantil, que percorre cada movimento da banda. Erros são notados, e ressaltados - é a velha inveja que está intrínseca em nós - "não estou lá, mas eles erraram".

A língua se enrola com o inglês de letras ainda não inteiramente decoradas. Go, Johnny, Go costuma ser mais fácil. Alguns clássicos não são clássicos para todos. Mas, para mim, estão lá desde o começo. O vocalista, de regata, olha para o vazio enquanto, por aqueles segundos, imagine-se Jim Morrisson - Os movimentos com o microfone lembram mais Roberto Carlos.

Súbito, sinto ele olhar para mim. Será que sabe o que se passa pela minha cabeça? Será que tem a mais remota idéia do julgamento particular que imponho a cada um deles ali? Passaria por sua cabeça que eu não o considero grande coisa, mas ainda assim, desejo sua posição no palco? Imagino que ele não elocubre sequer um segundo sobre o nível de detalhismo de minhas paixões - no caso, a música. Como reparo em seus gestos e de seus colegas.

Os amigos e colegas que estão ali comigo tentam puxar conversa. "Tá tudo bem, Lu?" Está tudo ótimo. Estou apenas vivendo minha forma de meditação. Dou míseros segundos de atenção a eles, notadamente esboçando um sorriso amarelo por ter perdido parte de minha concentração.

Nas mais famosas, o corpo não resiste e pede pela sacudidela. Levanto e encosto no balcão. A voz não alcança os tons mais altos, mas no meu cenário, eles estão sempre em uma escala a menos. Minha voz já não é a mesma, aliás. Vem perdendo sua potência ao longo dos anos. As pernas e joelhos se mexem, em uma pobre e vazia tentativa de imitar as referências. Felizmente, a imensa maioria não faz a menor idéia do que estou fazendo ali. O vexame é menor.

O show terminou. Mas, as cifras, solos e gritos ainda ressoam em cada poro. Não foi um show inesquecível, nem mesmo original. Mas foi mais que suficiente para que a música reforce, pela centésima vez, sua certeza de que sou um viciado nela.

Ah, o Rock'n Roll...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Um antigo sonho (quase) realizado

E a imagem acima, de onde seria? De uma loja de camisas? De uma camisaria? Não, é parte do meu guarda-roupa mesmo. Hoje, realizei um pouco de um antigo, antiquíssimo projeto - e que ainda não está concluído: ter cabides absolutamente iguais em todo meu armário. Acho que isso faz parte daquela minha paranóia com a poluição visual das coisas (quem me conhece sabe o quanto odeio os postes, por exemplo).

Como mencionei, o projeto ainda está em construção. Por enquanto, foi o armário das camisas. Ainda falta muito, mas cada passo dado nessa empreitada é um verdadeiro orgasmo visual. A próxima etapa são as calças. Para efeito de comparação, veja como está a seção atualmente. Bem pior, não?

Loucuras... sou, mas quem não é?

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O Incrível (e repetitivo) Hulk

Edwart Norton como o novo Hulk: deja-vu?


Na indústria de Hollywood, não há melhor forma de mostrar que um projeto foi um fracasso do que este. Menos de cinco anos após a estréia de Hulk, a Marvel apresenta o filme The Incredible Hulk. Uma continuação? Não, na verdade. Um novo filme, que conta mais ou menos a mesma história. Porém, elenco totalmente reformulado, com Edwart Norton (acima) e Liv Tyler nos papéis principais. A imagem acima foi divulgada hoje.

Pessoalmente, não posso reclamar. Afinal, é bom rever Liv Tyler nas telonas.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Nem só de notícias boas vive este blog



Há algum tempo já estava me prometendo este post. Faleceu no último dia 08 de novembro a simpática Helena Samara (1933-2007), nome artístico da dubladora que eternizou a voz da Srta. Clotilde, ou mais conhecida como Bruxa do 71 no seriado Chaves.

Tive a oportunidade de conversar com Helena diversas vezes pelo telefone, assim como com o também saudoso Mário Vilela, dublador do Sr. Barriga, também falecido em 2007.

Helena nos deu a honra de sua visita e prestígio na ocasião do lançamento do nosso primeiro livro do Chaves, em setembro de 2005. Claro, como não poderia deixar de ser, solicitei que ela lembrasse a voz de sua personagem mais famosa em um vídeo. Vídeo que, hoje, compartilho com vocês (acima).

Outras vozes de Helena Samara em sua carreira (com a contribuição do site Retrô TV):

· Wilma Flinstone nas primeiras dublagens de Os Flinstones
· Personagens interpretados por Angelines Fernández em Chapolin
· Tia Ann (a tia da Dorothy) em O Mágico de Oz na dublagem para o VHS
· Vovó Uranai em Dragon Ball Z (saga Cell)
· Velha Kaede em Inuyasha
· Vóvó em Hey Arnold!
· Professora em Disney's Doug
· Dorothy em Efeito Cinderela (Cinderella Boy)
· Maureen Robinson (June Lockart) em Perdidos no Espaço
· Tenente Uhura (Nichelle Nichols) na dublagem original de Jornada nas Estrelas
· Endora (Agnes Moorehead) em A Feiticeira (3a.voz)
· Amanda Bellows (Emmaline Henry) em Jeannie É Um Gênio
· Cinnamon Carter (Barbara Bain) no seriado Missão Impossível
· Yetta Rosenberg (Ann Morgan Guilbert) no seriado The Nanny
· Fada Madrinha em A Estrelinha Mágica (Turma da Mônica)
· Dona Clotilde em Chaves em Desenho
· Mamãe em Futurama
· Vó Yetta (Ann Morgan Guilbert) em The Nanny
· Sra. Spacely em Os Jetsons
· Secretária em Betty a Feia
· Mãe do Batatinha em Manda-Chuva
· Raquel em Paixões Ardentes
· Angelina em Olhos d´Água
· Shirley MacLaine em Sweet Charity