segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Bon Jovi - The Circle


Estou ouvindo The Circle, novo disco do Bon Jovi. E qualquer pessoa sensata sabe que, para fazer um bom review de um CD, ouví-lo apenas uma vez não é suficiente. Normalmente, é raro escutar e se apaixonar logo na primeira vez (isso só com álbuns antológicos). Com a maioria, você precisa deixar seu ouvido se acostumar com aquela novidade. Deixar que seja notado mais do que apenas a voz do cantor ou o solo da guitarra. Você precisa perceber o fôlego do vocalista puxando um novo verso. As discretas, porém ricas variações do baixo. As viradas e mudanças na bateria. E assim vai, até que os instrumentos presentes se esgotem.

Feita essa introdução, posto agora um review de The Circle. E, em vez da análise habitual, farei algo faixa a faixa, mais detalhado. Para seu conforto, caro leitor, incluí o link de cada música no sagrado YouTube, assim você pode acompanhar enquanto vê o que eu achei:

1. We Weren't Born To Follow - Essa é a a famosa "música de trabalho" do álbum. Na primeira vez que ouvi, não empolgou. Na segunda, menos. Na terceira, idem. Somente após ouvir uma cinco vezes comecei a pegar a música - mas, até aí, já não sabia se era pelo ouvido habituado demais da conta. De qualquer forma, essa é uma clássica música do Bon Jovi, que entoa sempre hinos de diferenciação e de curtir a vida. Claro, vocês sabem que todo disco do Bon Jovi tem uma música no estilo "viva ao máximo" - a lista é enorme e inclui "It's My Life", "One Wild Night", "We Got It Goin' On", "Someday It Will Be Saturday Night" e por aí vai. Será que é essa a carpe diem do disco? Veremos.

2. When We Were Beautiful - Essa melhorou. Lenta, mas bem arranjada, com batidas pesadas da bateria, que tentam encarnar bem o que a letra diz: a época em que éramos bonitos. Pelo jeito, o Jon Bon Jovi já não é mais essa beleza toda. Afinal, os caras começaram nos lamentáveis anos 1980, quando ainda eram cabeludos, sobreviveram aos lamentáveis anos 1990 e ainda estão de pé. Será que eles se achavam mais bonitos quando tinham aquela cabeleira horrível?

3. Work For The Working Man - Qualquer semelhança com Livin' on a Prayer ou qualquer música famosa do Michael Jackson será coincidência (ou não?). A entrada do baixo é bem parecida. Mais uma canção na linha "protesto-estou-dando-meu-recado", como a faixa 1. Essa, inspirada na crise mundial e nos problemas econômicos recentes. Mas também parece remeter um pouco ao 11/09. Apesar da levada triste, tem um ritmo bom. Achei meio piegas ele falar "esses eram meus sonhos, esses eram meus amigos". Não chega aos pés de concorrentes como "Working Class Hero", de John Lennon.

4. Superman Tonight - A letra é bonita. Fala de desilusão, fala de tristeza e questiona valores interessantes. Uma das melhores do disco. Backing vocal quase durante toda a música (mas o melhor trecho é quando Sambora faz o "Superman Tonight" junto). Mas não me agradou a batida do refrão. Pela primeira vez no disco, Bon Jovi fala de amor, o tema mais usado por eles e por 99% das bandas e artistas do planeta. Mas é um amor perdido, meio desesperado.

5. Bullet - Até agora, o ponto alto do disco. Saiu da chuva no molhado. Uma levada mais pesada, mais rápida, mais ardida. O teor me lembrou, em um primeiro momento, "O Calibre", aquela canção-protesto dos Paralamas (os títulos, aliás, são parecidos. Será coincidência?). Fato é que, de novo, eles cantam a indignação pelas coisas erradas. Destaque para o trecho: how can someone take a life / in the name of God and say it's right / how does money lead to greed / when there's still hungry mouths to feed. O refrão questiona se Deus desisitiu de nós. Curti bastante.

6. Thorn In My Side - Que paulada! A música é boa, mas a letra chama mais a atenção. De novo, desafios, problemas, amores perdidos (alguns tragicamente), má sorte, um teste de fé. Mas o orgulho permanece. Uma música pesada. Até agora, temos um disco que vem se mostrando obscuro, pesado, nebuloso, quase triste - uma versão não-suicida de "Tempestade", da Legião. Apesar disso, o ritmo das músicas não passa a mensagem. É necessário ler, ouvir, escutar não apenas as letras, mas como é entoada.

7. Live Before You Die - Aqui! Achamos a música carpe diem do Bon Jovi? Não, ainda não. Apesar do título, a canção é triste. Interessante notar que a letra no encarte não está totalmente igual. Em alguns pontos, a primeira pessoa do plural no papel vira a primeira pessoa do singular na voz de JBJ - isso só reforça o peso que ele coloca na letra. A faixa segue a linha do disco. Fala em perdas desde a adolescência e passa o claro recado "aproveite logo, você vai ficar velho rapidamente". O ritmo é gostoso.

8. BrokenPromiseLand (tudo junto mesmo) - Falar o quê de uma faixa dessa? O título, somado ao que venho analisando acima, já explica. Mais uma música que escancara uma decepção de alguém que esperava algo que não veio. Não adianta ajoelhar e rezar, respire, você vive apenas o agora e tem apenas o que está em suas mãos, enquanto os anjos caem dos céus. Sofrida, nossa. O que houve com o Bon Jovi?

9. Love's The Only Rule - Quem disse que a vida (ou o disco) tem de ser tão cruel? O amor rules - esse é mais ou menos o que quer dizer essa música. Nesse fôlego positivo do disco, Bon Jovi mostra uma mensagem parecida com a Live Before You Die, mas de outra maneira. Faça tudo que quiser, pois all you need is love. Claro, na levada Sambora de ser. Gostei. Tem um riffzinho de guitarra (creio), com um som que lembra um videogame, legal.

10. Fast Cars - Dispensável. Quando estava ouvindo, achei que Love's The Only Rule deveria ser a última do disco. Afinal, após tanto desabafo, seria legal fechar com a mensagem de amor. Mas ainda há espaço para mais três músicas após o amor. Aqui, ele mostra que somos todos carros velozes, capazes de vencer na vida. Uma forma estranha de passar a mensagem. Não gostei, boba. Não seja uma peça sobressalente ou um ferro-velho no quintal? A pior do disco.

11. Happy Now - Essa começa com um fade (bem baixinho e vai aumentando), como se já estivesse tocando quando demos o play. E JBJ pergunta, quase em um tom de voz que alcançava com muito mais facilidade quando era mais novo: posso ser feliz agora? Parece que, após as agruras do disco (e da vida), ele quer o direito de sorrir, sem que o puxem de volta pra baixo. O ritmo, de novo em forma de protesto, meio pesado.

12. Learn To Love - Estamos a um passo do dia do julgamento. Portanto, aprenda a amar o mundo do jeito que ele é. É a única faixa light do disco. Mais lenta, mais bonitinha. Uma "My Way" a la Bon Jovi. Será que só eu achei que os acordes lembram, vagamente, "I Still Haven't Found What I'm Looking For", do U2? Não sei, veja você. Anyway, eu gostei.

Resumo:

Com a última faixa, fica clara que a mensagem final do disco, apesar de tantas tristezas em tantas letras sofridas, é positiva. Na verdade, procure pela palavra "hope" (esperança) nas lyrics e você a encontrará em quase todas as músicas. Sim, segundo Bon Jovi, ainda há esperança para viver nesse mundo. Não por muito tempo. Estamos pertos do fim. Devemos ser únicos, viver ao máximo e, apesar de tudo, amar. E, caso não saiba como, escute a última faixa e aprenda (algo como Loving for Dummies).

Em suma: The Circle mostra que Bon Jovi voltou a ser Bon Jovi. Isso é bom? Depende. Se você gostou de Lost Highway, o último disco deles (que resultou na melhor turnê da banda na década) que navegou em mares country, talvez não goste. Já se você nem sabe de que disco estou falando, talvez goste. Ou ache mais do mesmo. As músicas soam todas meio parecidas com as feitas por eles no fim da década de 1990 (de novo, se isso é bom ou ruim, só o ouvinte pode dizer).

Pessoalmente, eu sou um dos que não gosta. O disco é legal, claro. Vou continuar ouvindo-o, mas sem tanta paixão. O negócio é que sempre curti Bon Jovi, mas me encantei particularmente com Lost Highway. Bon Jovi pode ser country e não perder o rock da veia. Talvez pela minha predileção pelo country-gospel-rythm'n blues (que originou o rock'n roll), tenha gostado tanto desse CD. Em The Circle, tudo isso construído foi desprezado. Não há influências gritantes do último disco neste trabalho. Os instrumentos folk sumiram quase que totalmente (cadê o violino da morena ou a steel guitar?) e o rock característico deles voltou a ser predominante.

Para o grande público, talvez The Circle seja um sucesso. Para o fã do Bon Jovi cabeludo, pode ser que sim. Para mim, não faz sombra ao disco anterior.

domingo, 29 de novembro de 2009

Os 9 (+1) melhores shows que já fui

9 - Hollywood Rock, algum dia dos anos 1980 - Não me lembro de muita coisa. Mas sei que minha empregada, que foi conosco, adorava cantar "Moro na periferia, aqui pra você!". Eu, criança de tudo, tentava entender o que era aquele "aqui" que ela estava tentando me oferecer com tanta vontade.

8 - Skank, agosto de 2004 - Mais um que rolou de graça (aliás, pensando agora, foram poucos os que paguei). Foi um show exclusivo, no Credicard Hall, para clientes e funcionários da Transitions, empresas que eu fazia assessoria na época. O trabalho de assessoria era um porre, mas valeu por esse show. Ficamos na cara do palco, com espaço para dançar e tudo mais. O destaque foi "Vou Deixar", que ele fez com direito a reprise completa.

7 - Bruno e Marrone, agosto de 2007 - Sim, também tenho meu lado sertanejo. Além da dupla em questão, também já compareci a Gino e Geno e algumas outras. Esse show tava legal porque eles tocaram aquela da pescaria da boa - com direito a trocar a letra para "ver a mulherada no Villa Country ficando louca".

6 - Madonna, dezembro de 2008 - Será que ela canta bem? Não sei. É um espetáculo de luzes e cores tão intenso e bem montado que você fica na dúvida se não era um CD rolando do início ao fim. Mas ela consegue animal. Foi bem legal. Veja mais aqui.

5 - Nenhum de Nós, janeiro de 2008 - Quem? Pois é. Eu já fui a um show do Nenhum de Nós, em Bento Gonçalves, coração da Serra Gaúcha. Não conhecia nenhuma música, mas jamais estive em um show tão lotado (a casa era pequena). Mal havia espaço para andar. Deu apenas para aprender a canção "Me difame, me odeie, só não esqueça que eu amei você". Esse show está aqui pelo contexto. Ao lado do meu melhor amigo, os trocadilhos infames com a banda eram feitos à exaustão, e tenho certeza de que nenhum de nós já foi a um show melhor.

4 - Roberto Carlos, novembro de 2006 - O que falar do Rei, que também está descrito neste blog? Todo mundo deveria ir pelo menos uma vez a um show de Roberto Carlos. É um privilégio. Algo como ter ido a um show de Elvis ou Sinatra. Fui, fiquei em um dos piores lugares, mas mesmo assim curti como nunca clássicos como "Cavalgada", com um show da banda, ou a eterna "Café da Manhã", minha preferida.

3 - AC/DC, novembro de 2009 - Showzaço, e nem tinha como ser diferente. É só olhar no post anterior a este.

2 - Cássia Eller, setembro de 2001 - Fui apresentado à Cássia Eller por uma ex-namorada (ela também me ensinou muitas outras coisas). Fui meio preconceituoso no início, confesso, mas me rendi quando saiu o "MTV Acústico", em 2001 mesmo. Por iniciativa da namorada, fomos ao show dela. E adorei. Ela mandou muito bem, fazendo quase o repertório inteiro daquele disco. Mesmo desplugada, ela mostrou o rock, fazendo "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, e "Há Tempos", da Legião. E ainda tirou um sarro fazendo a dancinha da garrafa.

1.2 - Gaúcho da Fronteira, setembro de 2005 - Fui lembrado por um grande amigo deste show memorável, e portanto tive de adicioná-lo após o post já ter sido publicado. Este show não foi único apenas pelo artista, que já é grandioso, mas pelo contexto. Consegui pegar e gravar o ensaio. Assistimos ao show de camarote; e pouco antes de começar, o grande GF sentou-se em nossa mesa. Tiramos fotos e ele autografou discos e camisas. Histórico, tão pedindo um vanerão. Foi muito bom, as cozinheiras faturaram com pastel, cachorro quente.

1 - James Burton, setembro de 2008 - Mais um que está no Teremos. James Burton, guitarrista de Elvis por toda sua fase de shows nos anos 1970, é um dos mestres da guitarra. Ele tocou no Bourbon Street com uma banda local e mostrou pq acompanhava o Rei. Além disso, esse ganha a primeira posição pelo contexto. Assisti o show ao lado de pessoas incríveis, no melhor lugar da casa, bebendo e comendo bem. Esquema patrão.

Faltou um para fechar 10? Conto, como sempre, com a sua participação. Deixe nos depoimentos um show que marcou sua vida e sua história.

Bônus - Aproveito e incluo aqui também os piores que já fui:

Mallu Magalhães e Marcelo Camelo, setembro de 2009 - Show fraco. Mallu Magalhães é crua, é comum, é normal. Marcelo é bom, mas preferiu reclamar do barulho na plateia. O resultado em detalhes você vê na descrição deste blogueiro.

Chico Buarque, abril de 2000 - Esse entra na lista dos piores simplesmente por quê não vimos o show. O Credicard Hall, então recém-inaugurado, era alto demais. Minha namorada na época ficou com vertigem do lugar alto em que estávamos e sequer chegamos a ver o cantor no palco.

Tem algum pra adicionar entre os sofríveis também? Comenta lá!
For Those About To Rock -
AC/DC no Morumbi

Não pesquisei para fazer esse texto. Não me preparei. Apenas escreverei o que sinto, o que senti, o que vivi. Só sei que nada sei de AC/DC. Na verdade, quase nada. Até pouco tempo, ainda confundia canções do Kiss com as deles. Sim, apesar de adorar música e rock, não estou nessa praia. Antes do show, só conhecia duas faixas da banda: "Back in Black" (que a propaganda da Ford está destruindo) e "Highway to Hell". Coisas do destino, ganhei ingressos para a apresentação única deles no Brasil, no Estádio do Morumbi, sexta passada. E aí começou a história desse show incrível.

Em dezembro último, também tive a oportunidade de ir a um megashow de graça. Foi o da Madonna (o post, inclusive, está aqui). Como a cantora, AC/DC é um nome clássico no meio musical em todo o mundo. Estão por aí há um tempaço e, por todos os lugares que tocam, é sempre garantia de lotação máxima. Mas acho que qualquer tentativa de comparação acaba aí.

AC/DC, como falei no começo do texto, não está no meu vocabulário musical. (aliás, até hoje nem sei o que esse nome significa). É uma banda muito popular entre fãs de rock - assim como Kiss, Led Zepellin, Black Sabbah, Ramones (punk) e outros similares. Basicamente, o fã perfil "Escola do Rock".

Mas esse tipo de rock, por alguns chamado de metal, não faz parte das músicas que escuto diariamente no carro ou no computador. Não curto vocalistas de voz aguda e que em alguns momentos parecem mais gritar que cantar (é a minha opinião, fazer o quê?).

Quem me conhece sabe que minha vertente do rock vai mais nas origens (Elvis, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash) e/ou para um rock com levadas blues/funk/soul (Blues Travelers, Marvin Gaye, J.J. Cale), sulista (Allmann Brothers, Lynyrd Skynyrd, Tony Joe White) ou britânicas (Rolling Stone, The Beatles), entre algumas outras. Mesmo em bandas com uma pegada soft metal, como Bon Jovi, eu curto mais quando é um esquema acústico ou mais leve.

Mas isso jamais me impediria de ir a um show do AC/DC. Fui sem preconceitos, esperando alguma coisa boa. Claro que o famoso esquenta, à base de Jim Beam, ajudou muito. O próprio AC/DC, tocando no volume máximo no som do quarto, também. Chegamos para o show 22h (sem filas, sem confusão, tudo tranquilo) e, pouco depois, os cara já começaram. E, para resumir: curti demais. Os caras do AC/DC já estão velhões. Mas tocam muito. Mandam muito bem. O guitarrista dos caras fez um solo de uns 15 minutos. A banda mostra porque está na estrada há tantos anos. Domina a plateia e faz dela o que quer. Setenta mil pessoas foram comandadas pelo grupo australiano. Foram à loucura, gritaram, perderam as vozes. E comigo não foi diferente. Cantei as poucas que conhecia. Aprendi na horas as várias que não sabia. E pulei até cair, literalmente.

Em meu currículo de shows que já fui, o AC/DC não ocupa o primeiro lugar da lista. Mas certamente fica entre os cinco mais, talvez entre os três. A presença no show deles também não vai mudar muita coisa. Não vou comprar CDs ou começar a ouvir mais do que antes. Até porque a diferença entre o que se ouve em um CD e no estádio é colossal, abismática, discrepante.

Colocando à parte toda a importância que eles têm para o rock, eu digo tranquilamente: AC/DC, eu os saúdo.

Obs.: estou subindo as fotos. Enquanto isso não acontece, fica só o texto.

Update: sei que prometi fotos, mas o estado alcóolico em que estávamos garantiu que todas - todas mesmo - ficassem absolutamente lamentáveis. Portanto, o post fica sem foto mesmo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Venezuela, um país dividido


Parte final - Caracas, favelas e Chávez


Você sabia que o nome "Venezuela" vem de "pequena Veneza"? Então, isso não tem nada a ver com o resto do texto. Nossa parada final em terras venezuelana foi a capital federal, Caracas. E, de certa forma, o lugar que menos alimentávamos expectativas. Todos que já conheciam a cidade deixaram claro que ela não tinha muito a oferecer. Com base nas informações, reservamos apenas dois dias para a estadia.

Nossa expectativa, de certa forma, se confirmou. Caracas lembra muito a parte ruim do Rio de Janeiro. Muitas favelas, enormes, incríveis, espalhadas por serras longas e altas. A ida do aeroporto ao hotel também me associou à volta do litoral paulistano. Uma enorme rodovia, cercada por serras, e favelas espalhadas. Leva-se um tempo para chegar à porção boa da cidade. Deixo aqui um vídeo, que fiz no banco de trás do táxi, que mostra bem a quantidade e tamanho das favelas em Caracas.

O hotel que ficamos, o Pestana, é altamente recomendável. Hotel cinco estrelas, uma piscina na cobertura invejável e quarto de altíssima qualidade. Nas ruas, os postes têm os fios aterrados. Não há buracos no asfalto, nem motoboys. E a gente tem aquela sensação de "por que só na minha cidade...?" (momento desabafo). A frota de carros é relativamente boa, a maioria dos veículos vindo dos EUA mesmo. E os ônibus são uma piada. O metrô é muito bom, bem parecido com o de São Paulo. Mas espalhado de cartazes do Chávez. E é proibido tirar fotos...

Chávez

E, já que começamos nesse tema, vamos lá. Desde o primeiro post sobre a Venezuela, ainda não falei de Hugo Chávez. Foi proposital. Deixei tudo para o último texto. Embora só fale nele agora, conversamos sobre o tema com venezuelanos desde o primeiro dia de viagem. Primeiro, para sentir o que achavam do polêmico líder. Seriam apaixonados por ele? Seguidores fieis? Teriam alguma opinião formada? O detestariam, talvez?

Sim, o detestam. Prezamos por conversas com os locais por todos os países que vamos. E por lá não foi diferente. De taxistas aos hóspedes em Isla Margarita, todos são unânimes: Chávez está acabando com o país. Eis algumas das frases que ouvimos:

"Chávez é um imbecil que está no poder. Ele cria leis estúpidas apenas para mostrar que pode fazer o que quiser".


"Esse animal acabou com a minha carreira. Era um funcionário público há mais de vinte anos, e perdi tudo por causa dele. Minha esposa e eu temos de trabalhar como taxistas para nos sustentar."


"Chávez não é militar. Não é político. Não é ditador. É um idiota no poder".


Tudo seguia mais ou menos nessa linha. No caso de Isla Margarita, tivemos a oportunidade de conversar bastante com os abastados venezuelanos que por lá estavam. Muitos pensam deixar o país. Não concordam com a política de Chávez em nenhuma maneira. Entre as críticas, mais curiosas, estava a mudança do fuso horário: a Venezuela tem uma diferença de 1 hora e meia em relação ao Brasil. Pois é. Apenas o Irã e um país asiático quebram o fuso em meia hora. A razão, dizem as pessoas que falaram conosco, era "garantir mais tempo na escola para as crianças".

As mudanças de Chávez

Chávez também mudou o nome do país, para República Bolivariana da Venezuela. Idolatra Simón Bolívar, o conquistador de países como Colômbia, Venezuela e Panamá. Chávez muda nome de praças e parques. Troca-os por nomes de heróis políticos. Chávez determinou que toda cidade venezuelana tenha ao menos uma praça de nome Simón Bolívar. E com um obrigatório busto do herói no meio dela.

Chávez trocou o dinheiro dos venezuelanos. E cortou três zeros. Agora, estão com o bolívar fuerte, sendo que 1 Bf. equivale a 1000 bolívares. Alguma semelhança com um passado muito recente nosso?

Pois é. A Venezuela em algumas coisas lembra o Brasil dos anos 1980. Incerteza econômica, muita inflação, taxas de especulação, mercado negro, overnight e outros nomes que já não fazem parte do nosso repertório econômico doméstico.

Nas ruas de Caracas, ainda é possível ver a influência histórica dos EUA. Redes de fast food americanas estão espalhadas por todos os cantos (muito mais do que aqui). Grifes de roupas norte-americanas aparecem em qualquer shopping. Termos em inglês são comuns.

Resta saber quanto tempo vai levar para que elas saiam dali.

Epílogo: termino a série Venezuela com a foto abaixo. O cenário? Uma favela, ao fundo. Mas, de noite, parece quase mágico. Foi a foto mais bonita que fiz em Caracas. Talvez não mostre a beleza real na tela de seus computadores. Mas aqui vai (clique na imagem para ampliar).


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ráris 7 Cereais


Recebi da assessoria de imprensa da Mars, há algumas semanas, uma embalagem do arroz Ráris 7 cereais. Arroz? Bem, o que você menos vai encontrar por ali é o que conhece como arroz. A Mars juntou o arroz integral, o arroz selvagem, centeio, aveia integral, trigo integral, triticale e cevada (o mesmo da cerveja) nesse bem bolado da saúde.

E o resultado? Não tenho fotos aqui, mas o sabor é bem interessante. A embalagem diz que em 45 minutos está pronto (em uma nova versão, 30), mas a verdade é que demoramos bem mais para ficar bom lá em casa - na verdade, quase 1 hora. A demora se justifica. O Ráris possui uma consistência bastante diferente do arroz - inclusive, do arroz integral. Ele é mais duro, e você sente que está comendo algo parecido com grãos. Firme mesmo.

Adicionalmente, a firmeza também se confunde com o sabor. Ráris é um arroz tão saboroso que pode ser consumido puro, e preparado sem necessidade de temperos mil, como se faz comumente com o arroz branco.

A embalagem de 500g custa R$ 6,99. Rende aproximadamente 11 porções.