quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Kentucky Bourbon Trail - a mágica experiência do Bourbon

So many bourbons, so little time

Quanto eu tinha mais ou menos uns 13 anos, no Shopping Market Place, em São Paulo, acompanhado de dois dos meus melhores amigos (até hoje), tive minha primeira experiência com álcool na vida. Talvez não tenha sido a primeira vez que coloquei uma bebida alcóolica na vida, mas aquele momento, sem os meus pais presentes, me marcou. A bebida em questão foi uma cerveja - que, diga-se, jamais deveria ter sido vendida para nós pela loja - daquelas edições com bandeiras de clube. Curiosamente, não me lembro qual era o time em questão. Mas foi uma grande aventura aquele breve momento com as latinhas de cerveja, subvertendo a sociedade, desafiando o mundo e voltando pra casa após os pais nos buscarem.

Esse pequeno nariz de cera foi apenas para falar do tema: álcool. A cerveja foi uma forma de se iniciar, o vinho também teve seu espaço, os drinks ganharam destaque com mojitos e afins e, pouco depois, comecei a conhecer o mundo do Bourbon. Primeiro Jim Beam, depois Wild Turkey, MAker's Mark e por aí vai. Algumas regras básicas sobre bourbon:

1 - Todo bourbon é whisky, mas nem todo whisky é bourbon: para que um whisky receba a denominação de 'bourbon', ele tem que obrigatoriamente ser feito nos Estados Unidos (em qualquer estado de lá), e ter pelo menos 51% milho. Sim, há outras etapas, mas essas duas são as essenciais.

2 - Jack Daniel's não é bourbon: dê um google em anúncios de Jack e você vai eventualmente cair em um que fala algo do tipo "it's not bourbon, it's not scotch. It's Jack". Resumidamente também, o Jack Daniel's não é bourbon por um simples motivo: ele não segue as regrinhas que citei no primeiro item. Pq, após o líquido ter sido preparado, ele passa por um processo de filtragem em carvões de maple tree, uma árvore comum por lá. O esquema é gota por gota, caindo em imensos tanques de carvão, para depois irem pro barril. Por ter adicionado esse processo, o Jack não pode, pelas regras, ser chamado de bourbon. Logo, eles se caracterizam como um "Tennessee Whiskey" e pronto.

Como os americanos são, no perdão da palavra, foda na questão de valorizar suas origens e converter isso em bugigangas a serem vendidas em lojinhas, eles criaram por lá um circuito que passa pelas principais distilarias de bourbon. É esse o tal do Kentucky Bourbon Trail, que você pode saber mais aqui: http://kybourbontrail.com/. Existe até um passaporte para essa coisa, tipo um passaporte mesmo, em que você carimba todas as 8 destilarias que passou para ganhar uma camiseta.

Eu me pergunto se fariam algo similar na Serra Gaúcha na rota dos vinhos

Na minha passagem pela região, não consegui ir em todas. Além do Jack (que, como já foi explicado, não é bourbon - e nem fica no Kentucky), passei por três destilarias: Jim Beam (Clermon), Evan Williams (Louisville) e Maker's Mark (Loretto). Pq não fui nas outras? Pq o propósito da viagem era chegar até Nashville saindo de Ann Arbor (Detroit), não fazer o bourbon trail inteiro. Ou seja, otimizamos o que mais ou menos estava na rota e, quem sabe no futuro, fazemos as que faltam para levar nosso brinde.

Jim Beam e Evan Williams permitem que você compre seus tickets online e agende o horário da visita. No caso do Evan Williams, estava vazio e o tour foi tranquilo. No caso do Jim Beam, a coisa é maior e isso é altamente recomendado (claro, tudo pode variar muito conforme o dia da semana e época do ano. No meu caso, estive lá em setembro de 2014 em um dia comum da semana).

Maker's Mark e Jack Daniel's não exigem horário marcado. É chegar lá e pegar o próximo grupo. O Jack, aliás, nem cobra pelo tour básico (os outros cobram em média 10 dólares). Há, claro, o tour premium do Jack, que é mais longo detalhado e inclui degustação de três bebidas, por um preço também de 10 ou 12 dólares ( eu fiz esse e super recomendo).

Não vou entrar em detalhes aqui sobre o que tem em cada um deles, acho que é mais legal cada um descobrir por conta própria (leia-se 'estou sem saco de digitar tudo isso'). Para amantes de bourbon (eu sou um apreciador nível 3, mas não chegou a ser um amante), a viagem é o máximo. As histórias de como as bebidas foram criadas, o marketing precursor da época, as dificuldades no período da Lei Seca nos EUA, tudo isso vale para qualquer um, na verdade. No Jack Daniel (isso mesmo, sem o apóstrofe), você passa pela sala original em que o próprio Jack fazia negócios e vê inclusive o infame cofre que ele chutou e, a longo prazo, provocou sua estúpida e prematura morte. Aliás, na própria cidade do Jack, Lynchburg, não é permitido beber. Uma contradição absurda, mas eu mesmo levei uma 'carcada' de um vendedor apenas pq estava com um copinho de degustação andando pela sede.

E, claro, as lojinhas. Ah, as lojinhas. Em todos os casos, prepare-se para ver tudo que quiser enrolado com bourbon. Barris usados, velas, pen drives, camisetas, mel, chaveiros, bonés, charutos, etc etc. O céu é o limite. A loja do Evan Williams, que foi a primeira destilaria que passamos, é um barraco perto do que vimos no Jim Beam. E a do Jim Beam é uma banca de camelô se comparada com a do Jack Daniel's, que é praticamente a cidade toda (não se empolgue, é um quarteirão) de lojas.

Apenas uma entre as várias lojinhas de Jack Daniel's
Como falei, nossa viagem não era especificamente para fazer o KBT inteiramente, então não posso falar pelas demais destilarias. Ainda tive a oportunidade de ganhar um Wild Turkey Kentucky Spirit de uma amiga que trabalha para eles por lá, mas não os visitei (ficam em Lexington). Mas, a não ser que você seja um fã absolutamente hardcore de bourbon (e queira ganhar a camiseta com o passaporte 100% carimbado), ir em duas ou três já ajuda bem. Depois da segunda, você já começa a achar que está vendo mais do mesmo, mais ou menos como quando se visita vinícolas na sequência...

Isso não quer dizer, claro, que eu não pretenda voltar pra lá algum dia. Afinal, como diz o Jim Beam, "come as friend, leave as family". Logo, acho que tudo bem eu bater na porta deles um dia de novo!



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Trinta dias sem beber

Este mês, inspirado em uma campanha supostamente da Austrália chamada "Dry July", resolvi passar agosto inteiro a seco. Sem álcool de qualquer espécie. Afinal, agosto já é um mês meio parado - sem feriados, sem muitos amigos celebrando aniversários. Não deve ser difícil, certo?

Aqui estou, no dia 15 de agosto, sofrendo como nunca. Percebe-se então que não é da bebedeira que se sente falta - aliás, é raro pra mim beber até cair. Sente-se falta da bebida como instrumento de convivência social. Como lubrificante do dia. Hoje, precisamente, sexta-feira, o pub aqui do outro lado da rua está mais atrativo do que nunca. Um dia, ou melhor, uma semana de muito stress, muito trabalho, cansaço, brigas, negociações de todos os tipos. Uma cerveja gelada cairía como um torpor para a alma. Talvez duas, quem sabe três. Mas dificilmente mais que isso.

É, este mês está sendo mais longo do que eu jamais imaginei.